CMJP prestigia ‘Remada Lilás’, na manhã desta sexta-feira (29)

 O evento é promovido pelo Grupo Mulheres do Brasil, por meio do Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher

O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), Dinho Dowsley (PSD), prestigiou a ‘Remada Lilás’, promovida pelo Grupo Mulheres do Brasil, por meio do Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher. O evento aconteceu na manhã desta sexta-feira (29), na base do Movimento Origens Canoa Havaiana, localizado na Avenida Arthur Moreira Paiva, na orla do Bessa. A ação integra a programação do Agosto Lilás, campanha de conscientização e combate à violência contra a mulher, encampada todo ano pelo Legislativo Municipal.

O Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo João Pessoa – ressaltou a satisfação em reconhecer no presidente Dinho um ativista da causa e autor da Lei Municipal 13.678/2021, que institui o Dia de Conscientização e Enfrentamento ao Feminicídio nas Escolas Públicas e Privadas de João Pessoa: “Um marco fundamental no combate a violência contra a mulher na cidade”.

A secretária executiva de Comunicação do Município e liderança do Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher, Nena Martins, destacou que essa é a quarta edição da Remada Lilás. Segundo ela, este ano mais de 200 mulheres que participam de ONGs, que militam, que saíram de ciclos de violência ou ainda estão neles participaram da Remada Lilás. Nena ainda explicou que o evento é uma forma de interagir com as mulheres, proporcionando um momento de lazer em uma ação social.

“Temos que reforçar que todo dia é dia de combater a violência contra as mulheres. A conscientização é muito importante, não apenas para amenizar a dor das mulheres, mas também para combater mesmo a violência. Realizamos palestras, em parceria com a OAB e com a Defensoria Pública. Também tivemos a participação da jornalista Sabrina Barbosa, que falou sobre a voz da mulher e o emponderamento, além de ouvir depoimentos de mulheres que saíram do ciclo de violência e estão empoderando outras mulheres”, revelou a secretária.

Nena Martins também lembrou que enquanto secretária das mulheres, junto com sua equipe, criou diversas políticas públicas voltadas para as mulheres, como cursos de capacitação para que essas mulheres possam ajudar na economia doméstica e até mesmo prover sua família, longe do ciclo de violência, além de casas de acolhimento para garantir um lugar de apoio para essas mulheres se reestruturarem. “Aconselho que a mulher denuncie. Ligue 190 para a Polícia Militar (PM), local; 180 para abrangência nacional; 197 para Polícia Civil; e 153 para a Ronda Maria da Penha, na Guarda Metropolitana de João Pessoa. Não se pode calar, tem que denunciar, senão a violência não acaba”, reforçou.

A assistente social e vítima de violência doméstica Helena Cavalcanti enfatizou que, quando existe um ciclo de violência, não é só a mulher que sofre, mas todos que estão em sua volta. “No meu caso, eu era muito criança, estava com a minha avó, porque minha mãe trabalhava, e, infelizmente, devido ao alcoolismo, meu avô já chegava em casa agredindo a todos, muitas vezes com arma de fogo, espeto de churrasco, faca, ou com as próprias mãos. Presenciei vários dias de violência na minha casa. Os vizinhos escutavam, mas ninguém tomava atitude. Naquela época, era muito difícil. Era o tempo daquela frase muito típica de que em relacionamento de homem e mulher ninguém mete a colher”, revelou.

De acordo com ela, foi a partir do momento em que sua avô se empoderou, que entrou no mercado de trabalho e buscou uma rede de apoio na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que tinha um grupo que apoiava mulheres vítimas de violência doméstica, que ela se fortaleceu e conseguiu se desvencilhar. “Mas, foram 30 anos, desde o dia em que ela casou até o dia do divórcio, com muita agressão. Muitas vezes, eu estava entre os dois, naquela busca da defesa. Isso repercutiu muito na minha vida. Buscamos tratamento psicológico para conseguir, inclusive, viver, porque você fica com medo de casar, de repetir aquilo na sua vida pessoal. A gente se fortaleceu, enquanto família, para poder sair daquele ciclo de violência e do risco de perder a vida. Falo isso abertamente hoje para que os tabus sejam quebrados, a vergonha de você tratar sobre isso e denunciar”, asseverou.

A Remada Lilás é organizada em parceria com a empresa Origens e conta com apoio da Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPPM), além da OAB-PB e da Defensoria Pública. A programação inclui palestras e passeios de canoa havaiana, conduzidos por instrutores especializados. Ao longo de agosto, a Secretaria das Mulheres desenvolveu ações em escolas, universidades, centros comunitários, órgãos públicos e instituições privadas, com foco na prevenção da violência e no fortalecimento da rede de proteção.