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Flamengo e Atlético-MG decidem a Supercopa do Brasil

 Da redação com Folhapress. Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 9:00

Foto: Ascom/Flamengo

BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) – Eduardo Bandeira de Mello assumiu a presidência do Flamengo em janeiro de 2013 e, em uma de suas primeiras decisões no cargo, abriu mão de Vagner Love.

O mandatário liberou o atacante em troca do perdão da dívida de 6 milhões de euros com o CSKA (cerca de R$ 16 milhões na cotação da época), pela compra dos direitos econômicos do jogador.

Era o início de uma nova época do clube rubro-negro, que se reorganizou e quase uma década depois tem um dos elencos mais fortes da América do Sul. A caminhada é marcada por conquistas e contratações de grandes craques.

O Flamengo se tornou referência no futebol brasileiro, exemplo a ser seguido. Foi o que fez em um primeiro momento o Atlético-MG, adversário do clube carioca em confronto a partir das 16h deste domingo (20), na Arena Pantanal, que valerá o título da Supercopa do Brasil.

Após período vitorioso na década passada, o Atlético viu sua dívida disparar e dedicar cada vez menos investimentos ao futebol. Tendo o Flamengo como exemplo, a diretoria atleticana optou por montar elencos mais modestos, enquanto tentava reestruturar financeiramente o clube, entre 2018 e 2019.

Embora separados por mais de 400 quilômetros de distância, Atlético e Flamengo estavam ligados por um elo. Era Rubens Menin, cofundador e presidente da MRV.

Conselheiro atleticano e patrocinador desde 2004, o empresário também estampou a marca de sua construtora na camisa rubro-negra. Menin já tinha muita influência na direção do Atlético, mas não tão forte como hoje, e também tinha ótimo relacionamento com Bandeira de Mello.

A ideia era aplicar no Atlético o que funcionou no Flamengo, mas existe enorme abismo financeiro entre os clubes. O time carioca tem uma capacidade de faturamento muito maior. Fosse só ela a responsável pela guinada atleticana, a recuperação seria mais lenta.

O Flamengo levou sete anos para conquistar o Campeonato Brasileiro, tendo como ponto de partida as mudanças feitas pela gestão presidida por Bandeira de Mello. Já no Atlético não existia nem sequer uma previsão, afinal a qualidade técnica caiu, mas as dívidas aumentaram após os primeiros anos de austeridade.

Com a pressa de ter uma equipe forte em 2023, para a inauguração da Arena MRV, Menin e outros mecenas resolveram acelerar o processo.

Em 2020, após a vexatória eliminação para o Afogados-PE na segunda fase da Copa do Brasil, foram invejados R$ 400 milhões no Atlético, via empréstimos. Foi aí que o time passou a traçar um caminho próprio, deixando de seguir os passos dados pelo Flamengo a partir de 2013.

“O Flamengo fez uma coisa notável, ele conseguiu reorganizar as finanças e depois caminhar. Hoje, o Flamengo está bem organizado. O plano inicial do Atlético-MG era reorganizar somente as finanças e fazer a Arena, mas vimos que o futebol não podia ficar de lado. O Flamengo tem uma receita enorme. A gente quer crescer, sem jogar dinheiro fora, ter uma despesa administrativa boa, sem jogar dinheiro fora”, disse Menin, em entrevista à ESPN, em abril de 2021.

No futebol, o sucesso foi imediato. O Atlético reformulou o elenco completamente em 2020, venceu o Campeonato Mineiro e terminou o Brasileiro em terceiro lugar, apenas três pontos atrás do campeão Flamengo. Já em 2021, o clube mineiro fez história, ao vencer o Estadual, a Copa do Brasil e o Brasileiro, além de ser semifinalista da Copa Libertadores.

Agora na capital mato-grossense, o Atlético terá a chance de emendar mais um título, em condições de igualdade com o Flamengo na Supercopa. Com forças parecidas em campo, os times ainda guardam, no entanto, diferenças no que diz respeito à dívida global de cada um.

Em 2012, último ano da gestão da presidente Patrícia Amorim, o Flamengo era um clube deficitário, que acumulava balanços negativos. A dívida estava acima de R$ 800 milhões, e o clube de maior torcida do país não era capaz de fazer frente aos grandes times da época.

Passados dez anos, o orçamento para 2022 prevê uma superávit em torno de R$ 190 milhões e mais uma redução no valor da dívida, ficando em pouco mais de R$ 210 milhões.

Enquanto os documentos disponibilizados pelo Flamengo apontam um futebol sustentável, a situação no Atlético é inversa. Em setembro do ano passado, no último balancete divulgado pelo clube, a dívida era de R$ 1,3 bilhão, o que fomenta questionamentos sobre a viabilidade de se manter um elenco tão caro nestas condições.

Enquanto o futebol vai muito bem, o Atlético trabalha para solucionar a questão da dívida. Uma das soluções encontradas é vender 49,9% de um shopping center que o clube tem na região centro-sul de Belo Horizonte.

O valor estimado da operação é de R$ 350 milhões e está previsto no orçamento de 2022. Mas a venda depende da aprovação do conselho deliberativo, que votará o assunto nos próximos meses.

A quantia não seria o suficiente para eliminar a dívida total do Atlético, mas existe uma situação peculiar no endividamento alvinegro: cerca de R$ 500 milhões são de empréstimos feitos com Menin e Ricardo Guimarães, ex-presidente e também financiador do clube.

Além disso, aproximadamente R$ 250 milhões foram parcelados pelo Profut, o que dá ao Atlético um longo prazo para pagar. Essas dívidas são tratadas, portanto, como benignas pela direção atleticana, afinal não comprometem o funcionamento diário.

O restante são dívidas passivas, com instituições financeiras e processos na Fifa. São as que mais preocupam e geram altos juros, que variam de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões por ano. Esses são os débitos que o Atlético planeja pagar com a venda do shopping.

Se em 2020 o Atlético cortou caminho para ter um time mais forte, o clube voltará a dar passos dentro da sua capacidade na atual temporada. A previsão é gastar o dinheiro somente arrecadado pelo próprio clube, sem a entrada de recursos via mecenato.

Estádio: Arena Pantanal, Cuiabá (MT)
Horário: 16h (de Brasília) deste domingo (20)
Árbitro: Anderson Daronco (FIFA-RS)
VAR: Daniel Nobre Bins (RS)
Transmissão: TV Globo e SporTV

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